sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Mais que pobres

Não existe esgoto, água, iluminação urbana decente, farol de trânsito, faixa de pedestre, coleta de lixo. Lavam roupa no rio, jogam lixo no rio, as crianças tomam banho no rio. As casas são umas tocas, isso quando são casas (às vezes uma tendinha no meio da rua resolve também), as lojas são umas barracas no meio da rua ou - esse deu certo na vida – umas oficininhas escuras e sujas. Na rua tem de tudo: criança descalça, rikshaw (taxi que consiste duma carcaça construída em cima de uma vespa – leva até 3 turistas e até 6 indianos), mula, camelo, cavalo, vaca, moto, bike, carroça. Não dá pra imaginar como se pode viver assim, assim mesmo eles vivem, e não andam por aí com cara de que isso é insuportável. Eles vão andando por aí, se virando sabe lá deus como, não brigam na rua, não gritam, não olham feio. As crianças ficam malucas pra interagir, devo parecer uma nave espacial para elas, que ficam me olhando com aquela carinha ansiosa de curiosidade até o primeiro tchauzinho. Aí desembestam com os “ouquei”, “bai-bai”, ou, muito sofisticado para a idade, “hallow, mam”, entre sorrisos e aceninhos de mão.

O coração fica do tamanho de uma cabeça de alfinete.

Foto: galerinha indiana de alguma escola fazendo excursão, e ao fundo, o Taj Mahal.

Um comentário:

Unknown disse...

"Fiquei com vontade de chorar. Me veio a compreensão de que as coisas não são como a gente pensa. Só pode haver uma misericórdia divina, para que essas pessoas suportem tudo sem ter vontade de gritar, de fazer cara feia, de não terem raiva no coração."

Mammy

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